Hipopótamos sobreviveram à Idade do Gelo na Europa, mostram fósseis e DNA

Hipopótamos sobreviveram mais tempo na Europa do que se pensava (Imagem: Getty Images/ Canva Pro)
Hipopótamos sobreviveram mais tempo na Europa do que se pensava (Imagem: Getty Images/ Canva Pro)

A história dos hipopótamos na Europa está sendo reescrita graças a novas análises de fósseis e DNA antigo. Por décadas, acreditou-se que esses enormes mamíferos desapareceram da Europa Central há cerca de 115.000 anos, quando o clima temperado deu lugar à última Era Glacial. Contudo, um estudo publicado na Current Biology revelou que eles sobreviveram muito mais tempo do que se imaginava, chegando a cerca de 31.000 anos atrás.

Essa descoberta desafia a visão tradicional de que os hipopótamos só prosperavam em períodos interglaciais quentes e abre novas perspectivas sobre a resiliência de espécies durante mudanças climáticas drásticas.

Nesta matéria, você verá:

  • Novos fósseis encontrados no Graben do Alto Reno, Alemanha;
  • DNA antigo revelando relação com hipopótamos africanos modernos;
  • Revisão da cronologia da extinção desses animais na Europa;
  • Influência de períodos interstadiais quentes na sobrevivência;
  • Populações pequenas e isoladas com baixa diversidade genética.

Fósseis e DNA: revelando o passado dos hipopótamos

Fósseis e DNA reescrevem a história desses gigantes da Idade do Gelo (Imagem: Getty Images/ Canva Pro)
Fósseis e DNA reescrevem a história desses gigantes da Idade do Gelo (Imagem: Getty Images/ Canva Pro)

Os pesquisadores utilizaram datação por radiocarbono e geocronologia de aminoácidos para determinar a idade exata dos fósseis. Além disso, a extração de um paleogenoma parcial permitiu comparar o DNA antigo com o de hipopótamos modernos, confirmando uma estreita relação com os hipopótamos africanos atuais.

Embora a Era Glacial tenha imposto condições severas, a presença de refúgios com água descongelada e vegetação suficiente possibilitou que esses hipopótamos persistissem temporariamente. A análise genética mostra que essas populações eram pequenas e isoladas, sujeitas a ciclos de recolonização durante fases mais quentes e abandono quando o clima se tornava rigoroso.

Implicações evolutivas e ecológicas

Esta pesquisa não apenas revisa a cronologia da extinção dos hipopótamos na Europa, mas também oferece insights sobre a adaptação de espécies a mudanças climáticas abruptas. A sobrevivência temporária desses mamíferos evidencia como ecossistemas podem abrigar espécies mesmo sob condições adversas.

Combinando fósseis, datação precisa e paleogenômica, os cientistas mostram que hipopótamos e outros grandes mamíferos, como mamutes e rinocerontes-lanosos, coexistiam em fases climáticas variáveis. Essa abordagem oferece uma visão mais dinâmica e realista da vida durante a última Idade do Gelo na Europa.

Leandro Sinis é biólogo, formado pela UFRJ, e atua como divulgador científico. Apaixonado por ciência e educação, busca tornar o conhecimento acessível de forma clara e responsável.

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