No litoral paulista, um estudo recente revelou a presença de Escherichia coli resistente a antibióticos em aves atendidas no Orquidário Municipal de Santos. Publicado na revista Veterinary Research Communications em julho, o levantamento envolveu a análise de amostras de urubu e coruja, identificando clones multirresistentes já associados a infecções humanas em diferentes regiões do mundo.
Essa descoberta evidencia a necessidade de protocolos de monitoramento adequados em centros de reabilitação, especialmente antes da devolução de animais à natureza. Embora os animais não apresentassem sinais clínicos, a presença desses microrganismos pode impactar a saúde pública e o manejo da fauna.
Resumo dos achados do estudo:
- Foram detectadas cepas de E. coli multirresistente em aves silvestres;
- Genes de resistência estão localizados em elementos genéticos móveis, aumentando a chance de transferência entre bactérias;
- Centros de reabilitação podem ser estratégicos para vigilância epidemiológica;
- Animais tratados com antibióticos no ambiente podem adquirir microrganismos resistentes;
- A aplicação de protocolos de isolamento e descolonização pode reduzir potenciais riscos.
A importância da vigilância em centros de reabilitação

Os centros de reabilitação desempenham um papel fundamental na proteção e reabilitação da fauna silvestre, mas também podem abrigar microrganismos resistentes. A presença de genes de resistência em elementos móveis sugere que mesmo animais sem contato prévio com antibióticos podem carregar bactérias resistentes, exigindo uma abordagem preventiva e baseada em evidências.
Estudos anteriores mostraram que testagens regulares, isolamento inicial e estratégias de descolonização, incluindo o uso de probióticos, podem ajudar a minimizar a disseminação de microrganismos resistentes, mantendo a segurança tanto da fauna quanto do ambiente natural.
Estratégias para minimizar riscos
Para reduzir o impacto potencial da colonização por bactérias resistentes, pesquisadores sugerem medidas como:
- Realizar testagens de entrada em todos os animais recebidos;
- Manter isolamento temporário de espécies potencialmente colonizadas;
- Aplicar protocolos de descolonização controlada antes da reintrodução;
- Desenvolver registros e monitoramento contínuo dos microrganismos presentes;
- Incentivar colaboração entre centros de reabilitação e institutos de pesquisa para fortalecer a vigilância epidemiológica.
Um aliado para a saúde pública
Além de proteger a fauna, os centros de reabilitação podem servir como observatórios estratégicos de microrganismos circulantes na natureza, contribuindo para o entendimento das interações entre ambiente e saúde humana.
Essa perspectiva amplia a relevância desses espaços, mostrando que cuidados adequados podem beneficiar tanto a fauna quanto a sociedade, sem alarmismos, mas com atenção cautelosa aos riscos potenciais.
A pesquisa reforça que a vigilância constante e a implementação de protocolos adequados são passos essenciais para integrar conservação ambiental e saúde pública de forma segura e sustentável.